Considere o poema abaixo, de Carlos Drummond de Andrade.
CONFISSÃO
Não amei bastante meu semelhante, não catei o verme nem curei a sarna. Só proferi algumas palavras,
melodiosas, tarde, ao voltar da festa.
Dei sem dar e beijei sem beijo. (Cego é talvez quem esconde os olhos embaixo do catre.) E na meia-luz
tesouros fanam-se, os mais excelentes.
Do que restou, como compor um homem e tudo que ele implica de suave, de concordâncias vegetais, murmúrios
de riso, entrega, amor e piedade?
Não amei bastante sequer a mim mesmo, contudo próximo. Não amei ninguém. Salvo aquele pássaro – vinha azul e doido –
que se esfacelou na asa do avião.
Com base neste poema, é correto afirmar que o eu-lírico