Leia os seguintes fragmentos.
1 - Este funesto parasita da terra é o CABOCLO, espécie de homem baldio, seminômade, inadaptável à civilização, mas que vive à beira dela na penumbra das zonas fronteiriças. À medida que o progresso vem chegando com a via férrea, o italiano, o arado, a valorização da propriedade, vai ele refugindo em silêncio, com o seu cachorro, o seu pilão, a pica-pau e o isqueiro, de modo a sempre conservar-se fronteiriço, mudo e sorna. Encoscorado numa rotina de pedra, recua para não adaptar-se.
(Extraído de Monteiro Lobato, Velha Praga, do livro Urupês, de 1918.)
2 - DESCOBRIMENTO
Abancado à escrivaninha em São Paulo Na minha casa da rua Lopes Chaves De sopetão senti um friúme por dentro. Fiquei trêmulo, muito comovido
Com o livro palerma olhando pra mim.
Não vê que me lembrei lá no norte, meu Deus! muito longe de mim, Na escuridão ativa da noite que caiu, Um homem pálido, magro de cabelo escorrendo nos olhos Depois de fazer uma pele com a borracha do dia,
Faz pouco se deitou, está dormindo.
Esse homem é brasileiro que nem eu...
(Extraído de Mário de Andrade, Dois Poemas Acreanos, da obra Clã do Jabuti, de 1927.)
Considere as afirmações que seguem, sobre esses fragmentos.
I. Tanto Monteiro Lobato quanto Mário de Andrade ilustram o princípio modernista de redescobrir o Brasil, elogiando os diferentes tipos regionais.
II. O eu-lírico do poema de Mário de Andrade manifesta um espírito nacionalista que, a partir de sua condição de paulista urbano e letrado, se emociona ao perceber-se tão brasileiro quanto o seringueiro do Norte.
III. O texto de Lobato revela uma visão de progresso identificada com a industrialização, a modernização das lavouras e a vinda de imigrantes europeus, estigmatizando o caboclo como resistente à civilização.
Quais estão corretas?