A importância que a rede assume (1) para nossa população colonial prende-se, de algum modo, à própria mobilidade dessa população. Em contraste com a cam (7)a e mesmo com o simples catre de madeira (8), trastes "sedentários" (6) por natureza, e que simbolizavam o repouso e a reclusão doméstica (9), ela (22) pertence (31) tanto ao recesso do lar (10) quanto ao tumulto da praça pública (11), tanto à morada da vila como ao sertão remoto (34) e rude (12).

Móvel caseiro e, ao mesmo tempo, veículo de transporte (13), é em suas (23) redes lavradas (2), por vezes luxuosamente adornadas (40), que saem (41) à rua as matronas (14) paulistanas (24), ou viajam (42) entre a vila e o sítio da roça (39). De Manuel João Branco contam que, tendo ido a Lisboa para levar a el-rei (16) o célebre (35) cacho de bananas de ouro, andava pelas ruas da Corte em uma rede de fios de algodão e lã de várias cores, carregada por mulatos calçados que levara de São Paulo especialmente para esse mister (3). Pedro Taques (26), ao referir (32) o episódio, acrescenta que "seria objeto de grande riso esta nova carruagem (15) em Lisboa, e na verdade só a Providência (18) o (25) faria escapar às pedradas dos rapazes da Cotovia".

Nem só as matronas, como Inês Monteiro, ou os velhos, como um Manuel João Branco - "caduco velho", chamava-lhe o autor da Nobiliarquia - serviam-se de semelhante veículo. Os próprios sertanistas (19) não desdenhavam (33) desse meio de transporte (28), menos, talvez, por amor à comodidade (4), do que por amor à própria distinção e ao prestígio que (27) o aparato (5) impunha. O poeta José Elói Ottoni (30), que ainda pôde ser contemporâneo (36) das últimas (37) bandeiras paulistas, fala-nos, e não sem rancor, naqueles capitães que iam pelo mato dentro (20) carregados "em redes, aos ombros de seus (29) semelhantes". E já no século passado (38) o cronista (21) Baltasar da Silva Lisboa regista (17) a mesma tradição. O fato é que as redes - redes de dormir ou de transportar - são peças obrigatórias em todos os antigos inventários feitos no sertão.

(Adaptado de: HOLANDA, Sérgio Buarque. Redes e redeiras. In: ___. Caminhos e fronteiras. São Paulo: Companhia das Letras, 1994. p. 247.)

Assinale a alternativa em que a segunda palavra constitui um sinônimo adequado da primeira, considerando o contexto em que esta ocorre.