Marina me explicou muito direitinho que eu não tinha razão. O que tinha era falta de confiança nela. Chorou, e fiquei meio lá, meio cá, propenso a acreditar que me havia enganado.

- Posso obrigar uma pessoa a não olhar para mim? Posso furar os olhos do povo?

Não senhora. A coisa era diferente: Eles tinham sido (1) pegados com a boca na botija, grelando, esquecidos do mundo. Tinham ou não tinham? Sim senhor, mas sem malícia.

- Posso furar os olhos do povo? (1)

Esta frase besta foi repetida muitas vezes, e, em falta de coisa melhor, aceitei-a. De fato, eu não tinha visto nada. As aparências mentem. (5) A Terra não é redonda? (3) Esta prova da inocência de Marina me pareceu considerável. Tantos indivíduos condenados injustamente neste mundo ruim! (6) Quem pode lá jurar que isto é assim ou assado? (4) Procurei mesmo capacitar-me de que Julião Tavares não existia. (7) Julião Tavares era uma sensação. Uma sensação desagradável, que eu pretendia afastar de minha casa quando me juntasse àquela sensação agradável que a li estava a choramingar.

- Pois bem, minha filha, não vale a pena falar mais nisso. Enxugue os olhos. Se você diz que não foi, não foi. Acabou-se, não se discute. Está aqui uma lembrancinha que eu lhe trouxe. Vamos ver se fica bonito.

(Adaptado de: RAMOS, Graciliano. Angústia. 30. ed. São Paulo: Record, 1985. p. 86.)

Assinale a alternativa que apresenta uma transposição gramaticalmente correta da voz passiva para a voz ativa da frase Eles tinham sido pegados com a boca na botija (1).