Leia o seguinte poema de João Cabral de Melo Neto.
FÁBULA DE UM ARQUITETO
A arquitetura como construir portas, de abrir; ou como construir o aberto; construir, não como ilhar e prender, nem construir como fechar secretos; construir portas abertas, em portas; casas exclusivamente portas e teto. O arquiteto: o que abre para o homem (tudo se sanearia desde casas abertas) portas por-onde, jamais portas-contra;
por onde, livres: ar luz razão certa.
2.
Até que, tantos livres o amedrontando, renegou dar a viver no claro e aberto. Onde vãos de abrir, ele foi amurando opacos de fechar; onde vidro, concreto; até refechar o homem: na capela útero,
com confortos de matriz, outra vez feto.
Considere as seguintes afirmações sobre este poema.
I. Na primeira estrofe, o arquiteto recusa o aprisionamento e a segregação, e considera portas como vias deacesso e não como impedimento, o que equivale a enunciar a arquitetura como forma de libertação.
II. Na segunda estrofe, o arquiteto renega a claridade e produz a opacidade de muros e de concreto, a qualse associa à noção de abrigo, expressa pelos termos "capela", "útero" e "matriz".
III. A segunda estrofe sugere a segregação e o belicismo, os quais impedem a comunicação entre os homens e promovem o conflito.
Quais estão corretas?