Fotógrafo descobria delicadeza de gestos

"Tirar fotos é prender a respiração quando todas as faculdades convergem (7) para a realidade fugaz (9). (12) É organizar rigorosamente as formas visuais percebidas para expressar o seu significado. (13) É pôr numa mesma linha cabeça, olho e coração." Essa imbatível (4) definição do ato fotográfico (1), feita pelo próprio Henri Cartier-Bresson, serve de ponto de partida para entender a magnitude e a ________ de sua obra em todo o mundo.

Cartier-Bresson fotografava com o instinto de um caçador que persegue obstinadamente sua presa. Ele até (19) se enveredou (5) pelo universo dos retratos e (14) os fez bem, mas seu grande diferencial era um faro particular para capturar ________. Sua busca incansável era por aquilo que ele conceituou como o instante decisivo, o momento em que o universo em harmonia conspira a favor do artista.

Mais do que uma técnica apurada (6), o instante decisivo de Cartier-Bresson preconizava (15) a paixão pelo prosaico e pela fugacidade da vida. Sua investigação não buscava a obtenção de fotografias grandiosas, mas, sim, a descoberta da beleza e da delicadeza dos pequenos gestos (2).

Ao aposentar-se, Bresson se abrigou no desenho e na pintura. "Não tenho saudades. O desenho é uma meditação, enquanto a foto é umtiro." A preferência pela meditação e pela ________ era também (20) uma forma de fugir (21) ao assédio (8).

Bresson morre no momento em que a fotografia passa (24) por uma profunda transformação no mundo todo. (16) Com a disseminação das câmeras digitais portáteis e dos celulares e palm tops que fotografam e com a facilidade de circulação das imagens via internet, uma nova linguagem está sendo elaborada sem que saibamos onde tudo isso vai dar.

A visão de mundo de Bresson e de seus pares, (17) alicerçada (10) na sensibilidade, na argúcia (11) e no rigor estético, (18) parece não ser mais suficiente para traduzir esses novos tempos (3). A era da velocidade e da informação carrega a convicção de que (25) o instante decisivo ocorre o tempo todo e está on-line. Mera ilusão (26). Cartier-Bresson será sempre (22) o fio da meada para (23) se reencontrar uma sensibilidade em extinção.

(Adaptado de: FOLHA DE SÃO PAULO, 5 agosto 2004. Caderno Mundo, p. 20.)

Leia o relato abaixo.

Bresson morre numa época em que está sendo elaborada uma nova linguagem fotográfica, sem que saibamos onde tudo isso vai dar.

Suponha que um historiador faça esse mesmo relato daqui a 50 anos. Em seu texto, as palavras grifadas deveriam ser substituídas, respectivamente, por