O cérebro e a memória
Como se formam lembranças no cérebro de um bebê? Por que uma melodia romântica pode disparar sensações tão agradáveis (2)? Por que não conseguimos nos lembrar do que aconteceu conosco antes dos três anos de idade?
Lembrar não implica apenas arquivamento de informações. É difícil perceber, mas precisamos da memória para atribuir sentido ________ experiências vivenciadas e conectá-las com outras. Não notamos,mas precisamos da memória também, por exemplo, para associar (3) ________ bicicleta caída ________ um tombo que levamos ou para acertar o trajeto da cozinha ________ sala.
Na infância, quando aprendemos a andar, há uma explosão de conexões entre as células cerebrais. Cada experiência, por mais trivial (4) que seja, imprime uma marca no cérebro, formando um circuito entre neurônios. Já as memórias que perdem o interesse vão sendo descartadas. Essa constante transformação do cérebro impede que haja duas pessoas iguais no mundo (8).
Uma curiosidade da memória é a seleção. Convenhamos: armazenar tudo seria tão inútil quanto não guardar nada. Então (9), para não se sobrecarregar, o cérebro é sábio. Divide as tarefas e usa tipos diferentes de memória. Para entender e escrever o que se ouve ou se lê, usa-se uma memória descartável. Essa é a memória de trabalho (1). O cérebro sabe que não precisa guardar informações corriqueiras por muito tempo. Por isso, reserva espaço para a memória de longa duração. Dessa forma, o cérebro escolhe o que vai formar (5) nossa bagagem de experiências.
Algumas lembranças, entretanto, parecem emergir (6) do nada: uma música pode reacender (7) as sensações de um jantar romântico. Nesse caso, o cérebro associou a melodia ao rosto, ao cheiro, ao nome de uma pessoa. Naquele momento, neurônios formaram conexões para reconhecer todos os detalhes (10). A imagem foi montada pelo córtex visual; o perfume foi reconhecido no córtex olfativo; a música e as emoções do momento foram registradas em outras áreas do cérebro.
Mesmo finda a sequência, a cena ainda não estará completamente arquivada (11). As informações, frescas, precisam passar pelo hipocampo, que, como uma cola, reforçará cada elo do circuito de neurônios. Uma interrupção pode, inclusive, causar a desgravação ou a não gravação. Por isso, depois de um acidente de carro, por exemplo, a vítima esquece os momentos imediatamente anteriores à batida. Um trauma interrompeu uma fase de gravação.
Uma vez fixado, um circuito de neurônios pode ficar no cérebro por décadas. Por isso, tempos depois, num bar, distraído, você ouve aquela música e pronto! Uma coisa puxa a outra e será o suficiente para reativar todo o circuito. Aliás, a lembrança pode ser até mais agradável do que foi o acontecimento real.
(Adaptado de: VARELLA, Dráuzio. O cérebro e a mente (Série Cérebro, a máquina). Disponível em:
Observe as reformulações propostas para o trecho Para entender e escrever o que se ouve ou se lê, usa-se uma memória descartável. Essa é a memória de trabalho (1).
I. Para se compreender e anotar o que se lê ouse ouve, é posta em funcionamento umamemória descartável, a de trabalho.
II. A memória de trabalho é descartada depoisde cumprir seu papel de entender e registraro que lê ou ouve.
III. O entendimento e o registro de uma comunicaçãooral ou escrita implica o uso de umamemória descartável, de um trabalho de memória.
Quais são compatíveis com o sentido do trecho no texto?