CAPÍTULO XXIV DE MÃE E DE SERVO

José Dias tratava-me com extremos de mãe e atenções de servo. A primeira coisa que conseguiu logo que comecei a andar fora, foi dispensar-me o pajem; fez-se pajem, ia comigo à rua. Cuidava dos meus arranjos em casa, dos meus livros, dos meus sapatos, da minha higiene e da minha prosódia. Aos oito anos os meus plurais careciam, alguma vez, da desinência exata, ele a corrigia, meio sério para dar autoridade à lição, meio risonho para obter o perdão da emenda. Ajudava assim o mestre de primeiras letras. Mais tarde, quando o padre Cabral me ensinava latim, doutrina e história sagrada, ele assistia às lições, fazia reflexões eclesiásticas, e, no fim, perguntava ao padre: "Não é verdade que o nosso jovem amigo caminha depressa?" Chamava-me "um prodígio"; dizia a minha mãe ter conhecido outros meninos muito inteligentes, mas que eu excedia a todos esses, sem contar que, para a minha idade, possuía já certo número de qualidades morais sólidas. Eu, posto não avaliasse todo o valor deste outro elogio, gostava do elogio; era um elogio.

Considere as seguintes afirmações.

  1. I. O personagem-narrador recorda eventos de sua infância e de sua educação sob a tutelade José Dias, que o tratava com indiferença durante o dia e o avaliava com isenção aocomentar, de forma depreciativa, com a mãe do narrador, o desempenho escolar deste.

  2. II. José Dias oscila entre extremos de mãe e atenções de servo, ambivalência queressurge no quarto período do capítulo-parágrafo, em que o personagem écaracterizado, ao mesmo tempo, como meio sério, para garantir autoridade, e meiorisonho, ao exibir servilismo.

  3. III. Embora José Dias seja o fio condutor da narrativa do capítulo citado e nos sejamfornecidos dados preciosos sobre sua infância e adolescência, o personagem-narradornão o descreve fisicamente nem reproduz sua fala.

Quais estão corretas?