Leia o soneto de Luís de Camões.

Enquanto quis Fortuna que tivesse

Esperança de algum contentamento,

O gosto de um suave pensamento

Me fez que seus efeitos escrevesse.

Porém, temendo Amor que aviso desse

Minha escritura a algum juízo isento,

Escureceu-me o engenho com tormento,

Para que seus enganos não dissesse.

Ó vós que Amor obriga a ser sujeitos

A diversas vontades, quando lerdes

Num breve livro casos tão diversos,

Verdades puras são, e não defeitos,

E sabei que, segundo o amor tiverdes,

Tereis o entendimento de meus versos.

(Luís de Camões. sonetos, .)

Fortuna: entidade mítica que presidia a sorte dos homens.

suave pensamento: sentimento amoroso.

Amor: entidade mítica que personifica o amor.

juízo isento: os inocentes do amor, aqueles que nunca se apaixonaram.

engenho: talento poético, inspiração.

defeitos: inverdades, fantasia.

No soneto, o eu lírico dirige-se, mediante vocativo,