Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,

muda-se o ser, muda-se a confiança;

todo o mundo é composto de mudança,

tomando sempre novas qualidades.

Continuamente vemos novidades,

diferentes em tudo da esperança (1);

do mal ficam as mágoas na lembrança,

e do bem - se algum houve -, as saudades.

O tempo cobre o chão de verde manto,

que já coberto foi de neve fria,

e enfim converte em choro o doce canto.

E, afora este mudar-se cada dia,

outra mudança faz de mor (2) espanto:

que não se muda já como soía (3).

(Sonetos, 2001.)

(1) esperança: esperado.

(2) mor: maior.

(3) soer: costumar (soía: costumava).

A sinestesia (do grego syn, que significa “reunião”, “junção”, “ao mesmo tempo”, e aisthesis, “sensação”, “percepção”) designa a transferência de percepção de um sentido para outro, isto é, a fusão, num só ato perceptivo, de dois sentidos ou mais.

(Massaud Moisés. Dicionário de termos literários, 2004. Adaptado.)

Transcreva o verso em que se verifica a ocorrência de sinestesia. Justifique sua resposta.

Reescreva o verso da terceira estrofe “que já coberto foi de neve fria”, adaptando-o para a ordem direta e substituindo o pronome “que” pelo seu referente.