Programa trata bichos como gente
Laura Mattos
Já faz tempo, mas ninguém esquece. Em 1991, flagrado ao utilizar um carro oficial para levar sua cadela ao veterinário, o então ministro do Trabalho, Antonio Rogério Magri, deu a célebre declaração: “Cachorro também é ser humano”.
É essa também a filosofia do “Pet.Doc”, programa escolhido pelo GNT dentre cem candidatos em processo de pitching - no qual produtoras independentes apresentam seus projetos a uma banca formada por diretores do canal.
“É um programa que vai tratar o pet [animal de estimação] como se fosse gente”, afirmou à Folha Leonardo Edde, sócio da produtora carioca Urca Filmes, responsável pelo projeto.
“Vamos tratar o animal, seja um cachorro, um rato ou um papagaio, sempre pelo nome, como um ser humano, mostrar a importância dessa ‘pessoa’ e contar suas histórias”, diz.
Em sua opinião, esse tom irá diferenciar o “Pet.Doc” de outros programas sobre animais exibidos na TV aberta e fechada “que mostram campeonatos de cães e as melhores rações”.
Edde afirma que a Urca optou por esse tema após analisar pesquisas que apontam que mais de 70% da população brasileira possui um pet.
Segundo Edde, “Pet.Doc” é baseado no livro Nós e Nossos Cães (ed. Globo), de Cacau Hygino. “São várias histórias de como o cachorro mudou a vida de pessoas, de gente que era triste e arrumou um motivo para viver”, afirma o produtor.
“A ideia do programa é baseada no jeito como os donos tratam seus pets. Eles falam dos animais e agem com eles como se fossem filhos”, aponta. (...)
O piloto (episódio teste) foi gravado com Caco Ciocler, Marília Pêra e Vivianne Pasmanter. Vivianne é dona de um cachorro que atuou ao lado de sua personagem na novela “Páginas da Vida”, da Globo.
O autor de novela Ricardo Linhares (“Paraíso Tropical”) e sua cadela Zoca também serão mostrados. “Nossa intenção é desmistificar a celebridade, como fazemos com o ‘Tira Onda’, do Multishow [famosos assumem profissões diferentes por um dia]”, explica Edde.
(Folha de S.Paulo, 02.01.2008.)
Compare as falas das pessoas entrevistadas por Laura Mattos com a frase “se acaso me fizeste o favor de ler as Memórias póstumas de Brás Cubas”, retirada do primeiro parágrafo do trecho de Quincas Borba, identificando para quem as falas e a frase destacada são dirigidas.