A queda do Fokker da TAM

Há sinais de que os passageiros do Fokker se prepararam para um pouso de emergência que nunca houve.

Não ficou nenhuma testemunha para descrever o que aconteceu com os noventa passageiros do vôo 402 da TAM durante os 25 segundos em que eles viajaram da pista de Congonhas, em São Paulo, para uma explosão no solo, 2 quilômetros adiante. Mas há elementos para afirmar com certa dose de certeza que os ocupantes do Fokker 100, todos mortos no desastre de quinta-feira, estavam se preparando para o pior. Entre os corpos levados ao Instituto Médico Legal de São Paulo, a maior parte mantinha uma posição parecida. Os corpos estavam inclinados para a frente, com os braços esticados e as pernas cruzadas. Suspeita-se que os passageiros possam ter sido orientados a se posicionar para um pouso de emergência. É aquele momento em que cada um dobra o tronco sobre os joelhos, envolve a cabeça com as mãos, fecha os olhos e se prepara para o pior. Como os corpos foram carbonizados, eles teriam fixado a posição inclinada, característica da emergência, disseram os médicos do IML.

(Veja, 06.11.1996.)

Ao relatar detalhes do desastre com o avião da TAM, o texto caracteriza-se por um grande cuidado em não fazer afirmações categóricas ou definitivas, empregando artifícios diversos, como o futuro do pretérito (teriam fixado) e certas construções sintáticas apropriadas para esse fim. Transcreva duas passagens em que se procura explicar a posição dos mortos, tratando os fatos enfocados como meras probabilidades.