A questão toma por base o poema Soneto, do poeta romântico brasileiro José Bonifácio, o Moço (1827-1886), e o poema Visita à Casa Paterna, do poeta parnasiano brasileiro Luís Guimarães Júnior (1845-1898).

Soneto

Deserta a casa está... Entrei chorando,

De quarto em quarto, em busca de ilusões!

Por toda a parte as pálidas visões!

Por toda a parte as lágrimas falando!

Vejo meu pai na sala, caminhando,

Da luz da tarde aos tépidos clarões,

De minha mãe escuto as orações

Na alcova, aonde ajoelhei rezando.

Brincam minhas irmãs (doce lembrança!.),

Na sala de jantar... Ai! mocidade,

És tão veloz, e o tempo não descansa!

Oh! sonhos, sonhos meus de claridade!

Como é tardia a última esperança!.

Meu Deus, como é tamanha esta saudade!.

(José Bonifácio, o Moço. Poesias. São Paulo: Conselho Estadual de Cultura, 1962)

Visita à Casa Paterna

Como a ave que volta ao ninho antigo,

Depois de um longo e tenebroso inverno,

Eu quis também rever o lar paterno,

O meu primeiro e virginal abrigo:

Entrei. Um Gênio carinhoso e amigo,

O fantasma, talvez, do amor materno,

Tomou-me as mãos, — olhou-me, grave e terno,

E, passo a passo, caminhou comigo.

Era esta a sala... (Oh! se me lembro! e quanto!)

Em que da luz noturna à claridade,

Minhas irmãs e minha mãe... O pranto

Jorrou-me em ondas... Resistir quem há-de?

Uma ilusão gemia em cada canto,

Chorava em cada canto uma saudade.

(Luís Guimarães Junior, Sonetos e Rimas)

Uma das semelhanças mais notáveis entre os dois poemas está justamente nas personagens evocadas: pai, mãe, irmãs. Com base nesta informação,

  1. a) Estabeleça a diferença entre Soneto e Visita à Casa Paterna quanto ao modo de aludirem ao pai de família;

  2. b) Aponte, no poema de Luís Guimarães Jr., uma personagem que não é referida no de José Bonifácio.