A civilização "pós-moderna" (1) culminou em um progresso inegável, que não foi percebido antecipadamente, em sua inteireza. Ao mesmo tempo, sob o "mau uso" (2) da ciência, da tecnologia e da capacidade de invenção nos precipitou na miséria moral inexorável. Os que condenam a 5 ciência, a tecnologia e a invenção criativa por essa miséria ignoram os desafios que explodiram com o capitalismo monopolista de sua terceira fase.
Em páginas secas premonitórias, E. Mandel* apontara tais riscos. O "livre jogo do mercado" (3) (que não é e 10 nunca foi "livre" (4)) rasgou o ventre das vítimas: milhões de seres humanos nos países ricos e uma carrada maior de milhões nos países pobres. O centro acabou fabricando a sua periferia intrínseca e apossou-se, como não sucedeu nem sob o regime colonial direto, das outras periferias 15 externas, que abrangem quase todo o "resto do mundo" (5).
Florestan Fernandes, Folha de S. Paulo, 27/12/1993.
(*) Ernest Ezra Mandel (1923-1995): economista e militante político belga.
O emprego de aspas em uma dada expressão pode servir, inclusive, para indicar que ela
I. Foi utilizada pelo autor com algum tipo de restrição;
II. Pertence ao jargão de uma determinada área do conhecimento;
III. Contém sentido pejorativo, não assumido pelo autor.
Considere as seguintes ocorrências de emprego de aspas presentes no texto:
A. "pós-moderna" (1);
B. "mau uso" (2);
C. "livre jogo do mercado" (3);
D. "livre" (4);
E. "resto do mundo" (5).
As modalidades I, II e III de uso de aspas, elencadas acima, verificam-se, respectivamente, em