"Sempre que se precisava, Mãitina era pessoa para qualquer hora falar no Dito e por ele começar a chorar, junto com Miguilim. O que os dois fizeram, foi ela quem primeiro pensou. Escondido, escolheram um recanto, debaixo do jenipapeiro, ali abriram um buraco, cova pequena. De em de, camisinha e calça de Dito furtaram, para enterrar, com brinquedos dele. Mas Mãitina foi remexer em seus guardados, trouxe uns trens: boneco de barro, boneco de pau, penas brancas e pretas, pedrinhas amarradas com embira fina [...]. Tudo se enterrou, reunido com as coisinhas do Dito. Retaparam com a terra, depois foram buscar as pedrinhas lavadas do riacho, que cravaram no chão, apertadas, remarcando o lugar; ficou semelhado um ladrilhado redondo. Era mesma coisa se o Dito estivesse depositado ali, e não no cemiteriozinho longe, no Terentém.

  1. a) Compare a religiosidade implícita nesse fragmento com aquela que a personagem Vovó Izidra encarna na novela.

  2. b) Explique por que, no universo dos valores afirmados pela ficção de Guimarães Rosa, Miguilim parece naturalmente mais próximo de Mãitina que de sua avó.