Fabiano recebia na partilha a quarta parte dos bezerros e a terça dos cabritos. Mas como não tinha roça e apenas se limitava a semear na vazante uns punhados de feijão e milho, comia da feira, desfazia-se dos animais, não chegava a ferrar um bezerro ou assinar a orelha de um cabrito. [...]
Consumidos os legumes, roídas as espigas de milho, recorria à gaveta do amo, cedia por preço baixo o produto das sortes. Resmungava, rezingava, numa aflição, tentando espichar os recursos minguados, engasgava-se, engolia em seco. Transigindo com outro, não seria roubado tão descaradamente. Mas receava ser expulso da fazenda. E rendia-se. [...]
Pouco a pouco o ferro do proprietário queimava os bichos de Fabiano. E quando não tinha mais nada para vender, o sertanejo endividava-se. Ao chegar a partilha, estava encalacrado, e na hora das contas davam-lhe uma ninharia.
Graciliano Ramos. Vidas secas. Rio de Janeiro: Record (com adaptações).
Com referência ao fragmento de texto apresentado, extraído da obra Vidas secas, de Graciliano Ramos, e aos aspectos sociais a ele relacionados, julgue o próximo item.
A política pública do governo Federal de construção de cisternas nas áreas atingidas pela seca visa minimizar os efeitos da seca e propiciar melhores condições de vida para as populações sertanejas.