Texto I

[1] No filme Eu, Robô, um policial encarregado de investigar o assassinato de um humano supostamente cometido por uma máquina interroga um robô. Esse policial demonstra, [4] desde o início do filme, uma atitude de reprovação em relação ao desenvolvimento tecnológico dessas máquinas. Na cena do
interrogatório, ocorre o seguinte diálogo entre o policial e o robô.

[7] Policial: Por que se escondeu na cena do crime? Robô: Eu tive medo. Policial: Robôs não sentem medo. Eles não sentem nada. Não [10] sentem fome, não sentem sono. Robô: Eu tenho. E tenho até mesmo sonhos. Policial: Seres humanos é que têm sonhos. Até cães têm [13] sonhos. Você não. Você é só uma máquina. Uma imitação da vida. Um robô consegue compor uma sinfonia? Um robô consegue pintar uma bela obra-prima? [16] Robô: Você consegue?
(O policial fica em silêncio, constrangido).

Texto II

[1] É preciso estender os dedos, completamente, nessa direção e fazer o ensaio de captar essa assombrosa finesse — de que o valor da vida não pode ser avaliado. Por um vivente [4] não, porque este é parte interessada, e até mesmo objeto de litígio, e não juiz; por um morto não, por outra razão. Da parte de um filósofo, ver no valor da vida um problema permanece, [7] dessa forma, até mesmo uma objeção contra ele, um ponto de
interrogação diante de sua sabedoria, uma falta de sabedoria.

F Nietzsche Crepúsculo dos ídolos O problema de Sócrates, #2

Tendo como referência os fragmentos de texto apresentados e considerando as noções filosóficas de natureza humana e a noção de vida em Nietzsche, julgue o item seguinte.

Na fala do robô no texto I, a indagação “Você consegue?” (l.16) é um exemplo de sofisma da composição, que consiste em um vício de raciocínio que atribui a um todo aquilo que seja característica de suas partes.