[1] Uma jovem sorri para o fotógrafo. À primeira vista, nada na imagem indica as circunstâncias da tomada. O sorriso poderia evocar uma fotografia qualquer, registrada em [4] ambiente acolhedor. Nada nos diz que essa moça é, no momento dessa imagem, prisioneira da polícia política portuguesa e o fotógrafo é um agente policial a serviço da mais [7] longa ditadura da Europa Ocidental, iniciada em 1926 e derrubada em 1974 pela chamada Revolução dos Cravos. É uma imagem que integra o cadastro de fotografia da PIDE [10] (Polícia Internacional e de Defesa do Estado). O que restou
desse cadastro foi parcialmente retomado no documentário 48, exibido e premiado em 2010. O filme associa imagens dos [13] então prisioneiros aos seus próprios comentários e contribui para inscrever, na atualidade, dimensões do passado salazarista que foram rapidamente varridas da história e da memória [16] portuguesa: ninguém foi julgado por tantas perseguições, torturas, assassinatos.
Consuelo Lins, Luiz Augusto Rezende e Andréa França A noção de documento e a apropriação de imagens de arquivo no documentário ensaístico contemporâneo In: Revista Galáxia, n º 21, p 55, jun /2011 (com adaptações)

Tendo o texto e a imagem precedentes como referências iniciais, julgue o item que se segue.

As produções cinematográficas, tal como o documentário 48, consistem de narrativas ficcionais e, por isso, não servem de material para pesquisa e ensino de história, ao contrário do que ocorre com as fotografias, como as que compõem o cadastro da PIDE, que representam objetivamente a realidade e transmitem com exatidão um evento em dado momento histórico.