Paisagem
Dorme sob o silêncio o parque. Com descanso, Aos haustos, aspirando o finíssimo extrato Que evapora a verdura e que deleita o olfato, Pelas alas sem fim das árvores avanço. Ao fundo do pomar, entre as folhas, abstrato Em cismas, tristemente, um alvíssimo ganso Escorrega de manso, escorrega de manso Pelo claro cristal do límpido regato. Nenhuma ave sequer sobre a macia alfombra Pousa. Tudo deserto. Aos poucos escurece A campina, a rechã sob a noturna sombra. E enquanto o ganso vai, abstrato em cismas, pelas Selvas adentro entrando, a noite desce, desce...
E espalham-se no céu camândulas* de estrelas...
* rosário de contas grossas
Francisca Júlia. Paisagem. Internet:
Considerando o poema Paisagem, da poeta brasileira Francisca Júlia, publicado em 1895, julgue o item a seguir.
No poema, a construção lírica da paisagem evoca os sentidos da visão, da audição, do tato e do olfato, assim como sensações de movimento, o que confirma a afinidade estética da poesia de Francisca Júlia com a linguagem simbolista.