[1] Chovia. Nas bancas de jornal do Rio de Janeiro, no
dia 31 de março de 1964, o Correio da Manhã, jornal liberal,
estampava o editorial com o título: “Basta!”. Nele, lia-se: “Até
[4] que ponto o presidente da República abusará da paciência da
Nação? Até que ponto pretende tomar para si, por meio de
decretos, leis, a função do poder legislativo?” No dia seguinte,
[7] o mesmo jornal publicou outro editorial. O título — “Fora!” —
indicava o clima de radicalização política a que o país tinha
chegado: “Fora! A Nação não mais suporta a permanência do
[10] Sr. João Goulart à frente do governo. Chegou ao limite final a
capacidade de tolerá-lo por mais tempo. Só há uma coisa a
dizer ao Sr. João Goulart: Saia!”
Marco Antonio Villa. Ditadura à brasileira: 1964-1985, a democracia golpeada à esquerda e à direita. São Paulo: LeYa, 2014, p. 16-8 (com adaptações).
Tendo como referência o fragmento de texto acima, julgue o próximo item.
Os editoriais citados no texto expressam o fato de João Goulart, meses antes do golpe de Estado que o derrubou, ter perdido o apoio de consideráveis parcelas da sociedade brasileira, o que pode explicar, pelo menos em parte, a ausência de resistência ao ato de força que sepultou o regime democrático estabelecido na Constituição de 1946.