[1] Embora, em muitos aspectos, a literatura de Clarice
contraste com a de Guimarães Rosa, ela tem em comum com
a dele a experimentação da linguagem, a eliminação da
[4] fronteira entre a prosa e a poesia, uma dimensão mística e
metafísica, bem como características barrocas. O barroco de
um é, porém, diametralmente oposto ao do outro: em
[7] Guimarães Rosa, há criação vocabular, exuberância linguística,
muitas narrativas entrelaçadas; em Clarice, há economia de
palavras e ausência de narrativa, a aproximação ao barroco
[10] ocorre, sobretudo, através da repetição, que realça um
significado cada vez mais fugidio à medida que se tenta
explicitá-lo. [...] A poesia em Guimarães Rosa está nos ritmos,
[13] nas rimas internas, nas onomatopeias, nas aliterações, no
aspecto formal do texto e também na criação de significados
através da junção inusitada de palavras. A de Clarice, na
[16] vertigem de sentido e no “movimento em círculo da palavra ao
silêncio e do silêncio à palavra”, enquanto seus textos vão
desvendando um território em direção ao nada ou então ao
[19] reinício.
J. Almino. De Machado a Clarice: a força da literatura. In: C.G. Mota. Viagem incompleta: a experiência brasileira. São Paulo: SENAC, 2000, p. 72-3.
Tendo o texto acima como referência inicial, julgue o item a seguir.
Sem contrariar a prescrição gramatical e a ideia original do texto, o primeiro período poderia ser iniciado da seguinte forma: A literatura de Clarice e a de Guimarães Rosa contrastam em muitos aspectos, contudo, tem em comum a experimentação da linguagem.