Pedro Pedreiro
Chico Buarque

Pedro pedreiro penseiro esperando o trem Manhã, parece, carece de esperar também Para o bem de quem tem bem De quem não tem vintém Pedro pedreiro está esperando a morte Ou esperando o dia de voltar pro Norte Pedro não sabe mas talvez no fundo Espere alguma coisa mais linda que o mundo Maior do que o mar Mas pra que sonhar Se dá o desespero de esperar demais Pedro pedreiro quer voltar atrás Quer ser pedreiro pobre e nada mais Sem ficar esperando, esperando, esperando Esperando o sol Esperando o trem Esperando o aumento para o mês que vem Esperando um filho pra esperar também Esperando a festa Esperando a sorte Esperando a morte Esperando o norte Esperando o dia de esperar ninguém Esperando enfim nada mais além Da esperança aflita, bendita, infinita Do apito do trem
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Considerando o texto acima, que aborda o tema das condições do trabalho operário brasileiro nos anos sessenta e setenta do século XX, julgue o item.

Ao abordar a espera do dia de voltar para o Norte, denominação genérica que também engloba o Nordeste, a canção de Chico Buarque remete à modernização econômica experimentada pelo Brasil, a partir dos anos trinta e quarenta do século XX: Companhia Siderúrgica Nacional, Vale do Rio Doce, Petrobrás e indústria automobilística são símbolos de um processo de industrialização que atraiu ao Sudeste milhares de imigrantes de outras regiões do país.