Mapa
Me colaram no tempo, me puseram uma alma viva e um corpo desconjuntado. Estou limitado ao norte pelos sentidos, ao sul pelo medo, a leste pelo Apóstolo São Paulo, a oeste pela minha educação. (...) Me puseram o rótulo de homem, vou rindo, vou andando, aos solavancos. Danço. Rio e choro, estou aqui, estou ali, desarticulado, gosto de todos, não gosto de ninguém, batalho com os espíritos do ar, alguém da terra me faz sinais, não sei mais o que é o bem nem o mal.
Murilo Mendes. Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2006.
Com base no texto acima e nas questões por eles suscitadas, julgue o item.
Depreende-se da leitura do texto que a identidade assumida pelo eu lírico contrasta com a ideia de orientação convencionalmente atribuída à palavra mapa.