[1] No processo da Revolução Francesa, quando

destruíram os últimos resquícios do feudalismo na eufórica

noite de 4 de agosto de 1789, os deputados concordaram em

[4] manter o dízimo da Igreja, em vez de simplesmente aboli-lo

sem qualquer compensação. Mas, desde então, houve sinais de

que a promessa seria abandonada. “Eles desejam ser livres, mas

[7] não sabem ser justos”, reclamou o abade de Seyès, referindo-se

a alguns colegas da Assembleia. Robespierre não era nem

antipadres nem anticlerical; é difícil determinar sua posição

[10] quanto ao futuro da Igreja na Revolução. Às vezes, era

veemente crítico e, em outras vezes, retornava à interpretação

da doutrina cristã, pois, a seu ver, o cristianismo era a religião

[13] dos pobres e daqueles de coração puro — riqueza chamativa e

luxo não deveriam fazer parte dele. Os pobres, segundo ele,

eram oprimidos não apenas pela fome, mas também pelo

[16] espetáculo escandaloso de clérigos autoindulgentes,

que esbanjavam insensivelmente o que pertencia aos pobres por

direito.

Ruth Scurr. Pureza fatal: Robespierre e a Revolução Francesa. Rio de Janeiro/São Paulo: Record, 2009, p. 140-1 (com adaptações).

Com base no texto acima, julgue o item.

Os miseráveis da época mencionada no texto não eram representantes da totalidade do povo, o qual, como categoria social, compreendia também indivíduos e grupos que estavam além da linha de miséria. Essa categoria teria, em seguida, seu significado ampliado ao nível político da nação.