Texto

LXXIX [1] Entre este álamo, ó Lise, e essa corrente, Que agora estão meus olhos contemplando,
Parece que hoje o céu me vem pintando

[4] A mágoa triste, que meu peito sente.

Firmeza a nenhum deles se consente Ao doce respirar do vento brando;
[7] O tronco a cada instante meneando,

A fonte nunca firme, ou permanente.

Na líquida porção, na vegetante [10] Cópia daquelas ramas se figura
Outro rosto, outra imagem semelhante:

Quem não sabe que a tua formosura [13] Sempre móvel está, sempre inconstante, Nunca fixa se viu, nunca segura?
Cláudio Manoel da Costa. Apud Domício Proença Filho. A poesia dos inconfidentes. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2002, p. 85.

Texto

O espelho O espelho: atra vés de seu líquido nada me des
dobro.

Ser quem me olha e olhar seus olhos nada de nada duplo
mistério.

Não amo o espelho: temo-o.
Orides Fontela. Poesia reunida (1969-1996). São Paulo: Cosac Naify; Rio de Janeiro: 7letras, 2006, p. 212.

Considerando os textos acima apresentados, o primeiro, um soneto árcade do Brasil Colônia, e o segundo, um poema da literatura brasileira contemporânea, julgue o item.

No poema O espelho, nos versos “Ser quem me / olha / e olhar seus / olhos”, o possessivo “seus” tem como referente a estrutura predicativa “quem me / olha”.