[1] Não se sabe ao certo quando os primeiros escravos

africanos foram trazidos para o Brasil. No entanto, é somente

a partir do alvará de D. João III de 29 de março de 1549, que

[4] faculta o “resgate e recebimento de escravos da costa da Guiné

e da ilha de São Tomé” para auxílio da cultura da cana e do

trabalho dos engenhos, que a importação de escravos africanos

[7] para o Brasil cresce de forma vertiginosa. Já no final do século

XVI, os africanos ocupavam majoritariamente a base da

sociedade colonial brasileira, o que iria acentuar-se no século

[10] XVII. É possível que os primeiros escravos africanos tenham

tido contato com a língua geral, mas, com a redução da

presença indígena na zona açucareira, pode-se dizer que os

[13] escravos passaram a ter contato, desde cedo, com o português.

Os escravos que eram incapazes de se comunicar nessa língua

eram chamados de boçais, em oposição aos que demonstravam

[16] conhecer o português, que eram chamados de ladinos. No

decorrer do século XVIII, com o ciclo do ouro, aumentou a

onda migratória vinda de Portugal, e o tráfico negreiro também

[19] se orientou para as demandas cada vez maiores de mão de obra

para a mineração, tendo aumentado, portanto, o acesso dos

escravos africanos à língua portuguesa.

Dante Lucchesi. História do contato entre línguas no Brasil. In: Dante Lucchesi, Alan Baxter e Ilza Ribeiro (Org.). O português afro-brasileiro. Salvador: EDUFBA, 2009, p. 47-8 (com adaptações)

O gramático

Os negros discutiam

Que o cavalo sipantou

Mas o que mais sabia

Disse que era

Sipantarrou.

Oswald de Andrade. Poesias reunidas. 5. a ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1978.

Considerando o texto de Dante Lucchesi, o poema de Oswald de Andrade e as questões por eles suscitadas, julgue o item.

Infere-se do texto que o alvará de 29 de março de 1549 foi o primeiro ato governamental da monarquia lusitana a normatizar ações relativas ao tráfico de escravos para o Brasil.