A sala estava ladrilhada, polida, desinfetada, perfeitamente vedada. Mais do que uma cela, tratava-se de um laboratório. Um homem, jovem, estava sentado, preso em uma cadeira. Uma grande abertura envidraçada permitia ver tudo. Ao meio-dia e doze, pequenas bolas de cianeto de potássio (KCN) caíram em um recipiente sob o assento, onde havia uma mistura de ácido sulfúrico e água. Imediatamente, o gás envenenado (HCN) começou a espalhar-se pelo ambiente. O homem começou a tossir, a sufocar. Em poucos minutos, sua cabeça pendeu. Tossiu, novamente, mais forte, ergueu a cabeça pela última vez e desabou. Ao meio-dia e trinta, os médicos que supervisionavam os instrumentos de controle declararam que o condenado Walter LaGrands estava clinicamente morto. Ele tinha trinta e sete anos. Nascera em Augsbourg, na Alemanha, como seu irmão Karl. A mãe deles casara-se com um soldado americano, destacado para servir na Alemanha, e depois partiu para os EUA com seus dois filhos. Em 1982, em uma tentativa de roubo a mão armada a um banco no Arizona, os irmãos LaGrands mataram um funcionário e feriram outro. Eles tinham, à época, vinte e dezoito anos. Ambos foram condenados à pena capital. Passaram dezesseis anos no corredor da morte. Depois de ter o último recurso negado, Karl solicitou ser executado com uma injeção letal. Walter recusou. Era sua última cartada: já que a justiça americana decidira que ele deveria morrer, que ela, então, matasse esse cidadão alemão na câmara de gás. Talvez Walter pensasse que a governadora do Arizona, Jane Hall, ante a dimensão simbólica desse ato, pudesse recuar. Enganou-se. No dia 3 de março, Walter foi levado à câmara de gás.

Robert Badinter. Contre la peine de mort. Écrits 1970-2006. Paris: Fayard, 2006, p. 249-50 (tradução com adaptações).

A partir do texto, considerando os diferentes aspectos que ele suscita e sabendo que as massas atômicas do hidrogênio, enxofre e oxigênio são iguais, respectivamente, a 1, 32,1 e 16, julgue o item.

Considere a situação a seguir.
Ao expor cadáveres sem pele, como na obra Mulher grávida com o feto, Gunther von Hagens provocou reações mistas de revolta e admiração. Em Londres, um visitante, indignado, chegou a usar um martelo para destruir um dos cadáveres, alegando que as peças expostas eram simplesmente esculturas de esqueletos, músculos e outros detalhes da anatomia de um corpo humano. Diante dessas informações, é correto afirmar que a polêmica trazida pela exposição de cadáveres decorre da transposição de limites estéticos tradicionais, entre os quais se inclui o entendimento de que a morte não pode ser percebida como agradável e bela.