Dançar a vida não seria, antes de tudo, tomar consciência de que não apenas a vida, mas também o universo é uma dança, e sentir-se penetrado e fecundado por esse fluxo do movimento, do ritmo, do todo? Em cada um de nossos gestos, toda a palpitação do mundo, todas as suas interações estão presentes, refletem-se e repetem-se, concentram-se como em um espelho convergente. Nesse diálogo de movimento entre o nosso ser ínfimo e o todo, é a invisível e incessante vida do todo que respira com nosso alento e pulsa com nosso sangue. Viver é, antes de tudo, participar desse fluxo e dessa pulsação orgânica do mundo que está em nós, desse movimento, desse ritmo, dessa totalidade, porque, mesmo durante nosso sono, vela, em nosso peito, a lei da dupla batida, a da nossa respiração e a do nosso coração. Mas, há um século, a física nos ensina que esta energia se degrada inexoravelmente, que esta vida do universo caminha irreversivelmente para a morte: terá, doravante, o destino definido cientificamente à face da entropia?

Roger Garaudy. Dançar a vida. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1980, p.26 (com adaptações).

A partir do texto e da figura acima, julgue o item.

Considere que Pitágoras, filósofo pré-socrático, afirmava ser capaz de “ouvir a música dos planetas”, aludindo às relações que deveriam valer para serem determinadas as distâncias entre a Terra e os demais planetas, em analogia com as relações entre o comprimento de cordas fixas e os sons que elas produzem. Essa consideração ilustra a perspectiva de Pitágoras de que “tudo é número”, a qual se contrapõe à visão geral do texto Dançar a vida.