[1] A minha ideia é que podemos dizer, racional e
argumentativamente, que a estrutura da vida humana, em seu ser
mesmo, tem um valor sensível negativo. Acredito que a totalidade
[4] dos seres humanos, quando confrontada autenticamente com a sua
condição e sem contrabandos religiosos, admite que a situação
estrutural da vida humana não é boa.
[7] Essa ideia decorre de a vida ter uma estrutura estável,
consistente, pelo menos nos seguintes quatro elementos: um
nascimento mortal, que carrega em si seu próprio fim; um
[10] desenvolvimento que envolve degeneração constante, como
envelhecimento; o estar sujeito a inúmeros sofrimentos e doenças;
um espaço intramundano no qual se está plenamente consciente dos
[13] elementos anteriores.
Julio Cabrera. Sentido da vida e valor da vida: uma diferença crucial. In: Philosophos revista de filosofia, vol. 9, n. o 1/2004, p. 16-8 (com adaptações).
O autor desse texto defende a ideia de que a vida tem, em seu ser mesmo, um valor profundamente negativo. As ideias expostas acima têm consequências importantes na maneira pela qual se pode enxergar a vida e contrastam fortemente com a maneira como a vida, tradicionalmente, vem sendo percebida ao longo dos tempos. Considerando essas informações e o texto acima, julgue:
Considere a afirmativa do filósofo Nietzsche de que existe, em todas as coisas, uma Vontade de Potência, pela qual tudo no universo, animado ou não, se não freado por ações não autênticas, ou seja, por ações que não seguem uma tendência originária, procura expandir-se ao máximo, realizando tudo aquilo que for possível realizar. Com base nessas considerações, é correto inferir que a perspectiva de Nietzsche é compatível com as ideias de Cabrera.