Você pode ser imortal

[1] Morte morrida é coisa que a Turritopsis dohrnii

não conhece. A vida dessa espécie de água-viva só acaba se

ela for ferida gravemente. Do contrário, a T. dohrnii vai

[4] vivendo, sem prazo de validade. Suas células mantêm-se em

um ciclo de renovação indefinidamente, como se voltassem

à infância. Podem aprender qualquer função de que o corpo

[7] precise. É uma verdadeira (e útil) mágica evolutiva, parecida

com a do Seabates aleutianus, um peixe do Pacífico

conhecido como rockfish, e com a de duas espécies de

[10] tartaruga, a Emydoidea blandingii e a Chrysemys picta

(ambas da América do Norte). Esse segundo grupo tem o

que a ciência chama de envelhecimento desprezível. Suas

[13] células ficam sempre jovens, por motivo que a ciência ainda

quer descobrir.

A imortalidade existe na natureza. Não tem nada de

[16] utopia. Pena que nós não desfrutemos dessa vantagem. Ao

longo do tempo, nosso corpo se deteriora. Perdemos os

melanócitos que dão cor aos cabelos, o colágeno da pele, a

[19] cartilagem dos ossos — ficamos frisados, enrugados, com

dores nas juntas. Velhos. Em uma sucessão de baixas,

células e órgãos vão deixando de cumprir funções cruciais

[22] para o corpo. Até que tudo isso culmina em uma pane geral.

E nós morremos.

João Vito Cinquepalmi. Você pode ser imortal. In: SuperInteressante, fev./2010 (com adaptações).

Tendo como referência o texto acima e os múltiplos aspectos que ele suscita, julgue o item a seguir.

Por pertencerem a gêneros diferentes, as duas espécies de tartarugas citadas no texto fazem parte de famílias distintas.