[1] Fechado o Cinema Odeon, na Rua da Bahia.
Fechado para sempre.
Não é possível, minha mocidade
[4] fecha com ele um pouco.
Não amadureci ainda bastante
para aceitar a morte das coisas.
[7] (...) Não aceito, por enquanto, o Cinema Glória,
maior, mais americano, mais isso-e-aquilo.
Quero é o derrotado Cinema Odeon,
[10] o miúdo, fora de moda Cinema Odeon.
(...) Exijo em nome da lei ou fora da lei que se reabram as
portas e volte o passado.
Carlos Drummond de Andrade. O fim das coisas.In: Poesia e prosa. Rio de Janeiro: Aguilar, 1988, p. 701.
A primeira sala de exibição de cinema de Belo Horizonte foi o Teatro Paris. Inaugurada em 1906, passou a chamar-se, a partir de 1912, Cinema Odeon. Um dos melhores lugares de diversão da cidade e muito frequentado pela população, o Cinema Odeon foi fechado em 1928, e, por causa desse fechamento, Carlos Drummond de Andrade escreveu o poema O fim das coisas, reproduzido acima.
A partir dessas informações e da leitura desse poema de Drummond, julgue o item seguinte.
A organização textual do poema apresentado permite inferir, especialmente a partir do verso “Não amadureci ainda bastante” (v.5), que o aludido amadurecimento resulta em aceitação de perda.