[1] À máquina o século XIX conferiu todo o poder

transformador e produtor da abundância. Máquinas,

multidões, cidades: o persistente trinômio do progresso, do

[4] fascínio e do medo. O estranhamento do ser humano em

meio ao mundo em que vive, a sensação de ter sua vida

organizada em obediência a um imperativo exterior e

[7] transcendente a ele mesmo, embora por ele produzido.

A representação do tempo regido pela natureza

perde-se e, junto com ela, a medida do tempo relacionada às

[10] tarefas cíclicas e rotineiras do trabalho. Perda que implica a

imposição de uma nova concepção de tempo: abstrato, linear,

uniformemente dividido a partir de uma convenção entre os

[13] homens, medida de valor relacionada à atividade do

comerciante e às longas distâncias. Tempo a ser

produtivamente aplicado, que se define como tempo do

[16] patrão — tempo do trabalho, cuja representação aparece

como uma imposição de uma instância captada pelo

intelecto, porém presa a uma lógica própria, exterior ao

[19] homem, que o subjuga. Delineia-se uma primeira

exterioridade substantivada no relógio, concomitantemente

artefato e mercadoria.

Maria Stella Martins Bresciani. Metrópoles: as faces do monstro urbano (as cidades no século XIX). In: Revista Brasileira de História. São Paulo: ANPUH, v. 5, n.º 8/9, 1985, p. 37-38 (com adaptações).

Tendo como referência inicial o texto acima, julgue o item.

A influência da tecnologia na forma de a sociedade se organizar, fenômeno marcante desde os últimos anos do século XX vem produzindo, com aceleração crescente, transformações de caráter econômico, além de reconfigurações do espaço mundial em suas dimensões social, cultural e política.