Decadência

[1] Iguais às linhas perpendiculares

Caíram, como cruéis e hórridas hastas,

Nas suas 33 vértebras gastas

[4] Quase todas as pedras tumulares!

A frialdade dos círculos polares,

Em sucessivas atuações nefastas,

[7] Penetrara-lhe os próprios neuroplastas,

Estragara-lhe os centros medulares!

Como quem quebra o objeto mais querido

[10] E começa a apanhar piedosamente

Todas as microscópicas partículas,

Ele hoje vê que, após tudo perdido,

[13] Só lhe restam agora o último dente

E a armação funerária das clavículas!

Augusto dos Anjos. Eu e outras poesias. São Paulo: Martin Claret, 2002, p. 84.

A partir da leitura do soneto Decadência, de Augusto dos Anjos, julgue o item seguinte.

Um dos ícones da poesia modernista brasileira, Augusto dos Anjos integrou o movimento cultural que, a partir da Semana de Arte Moderna de 1922, desdenhou valores artísticos e literários do passado, como o barroco do século XVIII, e assumiu posição política de apoio à República oligárquica.