Texto para o item
O trem transpõe, travessa, vencendo a barreira do som.
Tudo agora é silêncio (ruído branco?)
Não corre mais, nem voa; nem vacila ou flutua;
Firma-se, geometriza-se na geodésica do mundo,
No seu orientar-se pelo eixo do tempo.
Do vértice da luz vai para o futuro aberto em cone,
e deixa em cone o passado fechado em sombra.
(...)
Todo o universo é um só brinquedo de criança;
Entretidos com ele os sábios morrem, cansados de brincar.
Bem perto, passou, de repente, um fragmento de tempo:
Um fragmento de pretérito perfeito.
Joaquim Cardozo. Visão do último trem subindo ao céu. In: Poesias completas. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1979, p. 130-2.
No primeiro verso, a aliteração — sequência de fonemas consonantais idênticos — causa efeito fonético imitativo — efeito onomatopeico.