Poema transitório
1510152025Eu que nasci na Era da Fumac¸a: — trenzinho vagaroso com vagarosasparadasem cada estac¸a˜ozinha pobre para comprar pasteˊis peˊs-de-moleque sonhos— principalmente sonhos!porque as moc¸as da cidade vinham olhar o trem passar;elas suspirando maravilhosas viagense a gente com um desejo suˊbito de ali ficar morandosempre... Nisto,o apito da locomotivae o trem se afastandoe o trem arquejandoeˊ preciso partireˊ preciso chegareˊ preciso partir eˊ preciso chegar... Ah, como esta vida eˊ urgente!... no entantoeu gostava era mesmo de partir...e — ateˊ hoje — quando acaso embarcopara alguma parteacomodo-me no meu lugarfecho os olhos e sonho:viajar, viajarmas para parte nenhuma...viajar indefinidamente...como uma nave espacial perdida entre as estrelas.
(QUINTANA, Mário. Baú de Espantos. In: MARÇAL, Iguami Antônio T. Antologia Escolar, Vol.1; BIBLIEX; p. 169.)
Em função do que é dito nos versos do poema (texto de interpretação), observa-se que o “eu lírico”