“Os Nambiquara vivem numa dupla economia: de caçadores e lavradores, de um lado, de colhedores e catadores, de outro. A primeira incumbe ao homem, a segunda, à mulher. Enquanto o grupo masculino parte para um dia inteiro de caça armado de arcos e flechas, ou trabalha nos roçados durante a estação das chuvas, as mulheres, munidas do pau de cavar, perambulam com as crianças pelo cerrado, e apanham, arrancam, matam a pauladas, capturam, pegam tudo o que, em seu caminho, possa servir de alimentação: grãos, frutas, bagos, raízes, tubérculos, bichinhos de toda espécie. (...) Mas durante sete meses do ano a mandioca é rara; quanto às caçadas, é questão de sorte, naquelas areias estéreis onde uma caça magra praticamente não sai da sombra e das pastagens dos mananciais, afastadas umas das outras por espaços consideráveis de matagal semidesértico. Assim, é graças à coleta feminina que a família subsistirá.”
(LÉVI-STRAUSS, C. Tristes Trópicos, São Paulo: Cia. das Letras, 1999, p. 270-1).
Sobre as relações entre sociedade e natureza, a partir do relato etnográfico de Lévi-Strauss, é correto afirmar que: