Na sexta-feira, Trindade amanhecera enfeitada de faixas, preparadas especialmente para festejar a atuação do time brasileiro no México, às vésperas de conquistar o tricampeonato.
— Que beleza a rua enfeitada de faixas! É quase um domingo de Pentecostes, disse Virgílio em tom bajulador, não atinando com o motivo do visível mal-estar do político.
— Vejam aquelas faixas: VIVA MÉDICI, O PRESIDENTE CAMPEÃO. A alegria de mágico traía sua simpatia pelos militares. Desde o golpe de 1964 tranquilizara-se quanto ao destino do Brasil.
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As faixas, espalhadas pelas ruas, lembravam o mesmo espírito decorativo das bandeirinhas juninas. Cada qual, com dizeres particulares, endeusava um jogador. Os atletas, egressos do Olimpo, faziam parte de uma configuração épica. Sob a custódia do próprio Netuno, em meio às espumas da glória, sobressaía o nome de Pelé.
— Mas o que é aquilo? Polidoro gaguejou, apontando a faixa espremida entre a de Médici e a de Pelé.
(Nélida Pinon, A doce canção de Caetana)
Assinale o fragmento que desloca o leitor de uma atitude marcadamente passiva, diante do relato, para uma atitude de reflexão crítica.