Texto III
Que eu hei de amar ...
Essa que eu hei de amar perdidamente um dia, será
tão loura, e clara, e vagarosa, e bela, que pensarei que
é o sol que vem, pela janela, trazer luz e calor a esta
alma escura e fria.
E, quando ela passar, tudo o que eu não sentia da
vida há de acordar no coração, que vela...
E ela irá como o sol, e eu irei atrás dela como
sombra feliz... — Tudo isso eu me dizia,
quando alguém me chamou. Olhei: um vulto louro,
e claro, e vagaroso, e belo, na luz de ouro do poente,
me dizia adeus, como um sol triste...
E falou-me de longe: “Eu passei a teu lado, mas ias
tão perdido em teu sonho dourado, meu pobre
sonhador, que nem sequer me viste!
ALMEIDA, Guilherme de. Toda a poesia. São Paulo: Martins, 1952. T.1. p. 146-7.
O fragmento do texto III, em que se indica claramente que o eu-lírico estava absorvido em seus próprios pensamentos, é: