Tenho ódio mortal dos mosquitos. Se Charles Darwin tivesse me encarregado de colocar ordem na evolução das espécies, eu teria poupado os dinossauros e varrido os mosquitos da Terra.
Não me faltam razões para tal idiossincrasia*: quase morri por causa de um Haemagogus** covarde que me transmitiu febre amarela sem deixar vestígio da picada.
É o animal mais perigoso. Se somarmos todos os ataques contra seres humanos já realizados por onças, leões e cobras, obteremos um número insignificante perto dos que caem de cama numa única epidemia de malária ou dengue. Por essa razão, quando surge uma espécie nova de mosquito em qualquer país, as autoridades sanitárias se assustam.
(Drauzio Varella. Folha de S. Paulo, 02.08.2008.)
* No texto, modo particular de ver as coisas.
** Haemagogus é um mosquito de hábitos silvestres que vive no solo ou na copa das árvores.
Em Tenho ódio mortal dos mosquitos, Drauzio Varella usa a preposição de para ligar a palavra ódio à palavra mosquitos. Poderia, se quisesse, ter usado a e escrever: Tenho ódio mortal aos mosquitos. Trata-se da opção por uma determinada regência nominal.
a) Leia os três trechos a seguir e diga em qual deles é possível empregar indiferentemente de ou a.
I. Eu, que tinha ódio ao menino, afastei-me de ambos.
(Machado de Assis, Memórias póstumas de Brás Cubas.) II. O ódio a Bill Gates se explica com uma palavra bem arcaica e bem humana: inveja.
(Folha de S. Paulo, 02.07.2008.) III. O desejo de um conde por uma jovem desperta o ódio da mulher do nobre.
(Folha de S. Paulo, 11.08.2008. Adaptado.)
b) Explique o porquê da sua escolha anterior.