Estamos voando a sete mil metros de altitude [...]. É de manhã cedo. Lá embaixo a sombra do 747 desliza na névoa outonal. Pelo visor, parece circundada por um arco-íris, como um pássaro etéreo em alça de mira celestial. A névoa se dissipa e revela o escudo arqueano gasto e carcomido de Minas Gerais e uma confusão de cumes que se entrecruzam distribuídos pela Serra do Espinhaço. A oeste, córregos marrons serpenteiam preguiçosos rumo ao seu encontro com o rio São Francisco. A leste, corredeiras se precipitam para o Rio Doce e o Oceano Atlântico. É uma paisagem cicatrizada pelo trabalho humano. No horizonte azul-escuro distinguem-se vagamente os grandes reservatórios das barragens de Furnas e Três Marias. No primeiro plano, estendem-se as voçorocas alaranjadas e gredosas, incisões talhadas por séculos de mineração, agricultura e pecuária imprevidentes. Em terrenos planos de aluvião aqui e acolá, o cultivo persiste. Em campos recém-arados pode-se distinguir o tom vermelho tijolo dos solos férteis e ricos em ferro. Os pastos das montanhas ainda estão verdes por causa das chuvas de verão [...]. Cidades se amontoam nos vales, cintilando ao sol claro da manhã como joias desgastadas à beira do caminho.

(Warren Dean. A ferro e a fogo: a história e a devastação da Mata Atlântica brasileira. Apud Boligian & Alves. Geografia — espaço e vivência. São Paulo: Atual, 2004. p. 22.)

O autor descreve a paisagem de parte do Estado de Minas Gerais. Assinale a alternativa correta.