Tu amarás outras mulheres
E tu me esquecerás!
É tão cruel, mas é a vida. E no entretanto
Alguma coisa em ti pertence-me!
Em mim alguma coisa és tu.
O lado espiritual do nosso amor
Nos marcou para sempre.
Oh, vem em pensamento nos meus braços!
Que eu te afeiçoe e acaricie...
(Manuel Bandeira: A Vigília de Hero. In: O Ritmo Dissoluto. Poesia Completa e Prosa. 2 ed. Rio de Janeiro: José Aguilar, l967, p. 224.)
No poema A Vigília de Hero, Manuel Bandeira vale-se da lenda, que faz parte da mitologia grega, sobre o amor entre a jovem sacerdotisa Hero, que vivia na Europa, e o moço Leandro, que vivia na Ásia e que todas as noites atravessava a nado o estreito de mar que os separava, para encontrar-se com a sua amada. Esse poema está em O Ritmo Dissoluto, um dos livros mais representativos de estilo modernista de Manuel Bandeira. Conhecendo as características próprias desse estilo, pode-se afirmar que a característica marcante da poesia modernista que se pode comprovar no trecho transcrito é: