Texto II

ENSINA-ME A SONHAR

Foi na porta da escola que (03) meu pai me falou:

— Vai, meu filho, e enxuga essa lágrima.

(06) Eu era menino, pouco sabia, e achava que (03) meus lápis coloridos não seriam suficientes para enfrentar o mundo (07). (08) Disseram-me que(03) a vida não era tão fácil e que eu tinha muito a aprender (09).

Salas de aula do colégio interno eu frequentei. Sentado, escutava das cadeiras de madeira, marcadas pelo tempo e pelos canivetes dos alunos, as lições dos mestres de outrora. Aprendia com o giz poeirento que (03) sujava o chão.

(04) E, todos os dias, esbarrava com passos ligeiros de pessoas apressadas (05). (01) Senhoras elegantes de olheiras cansadas, senhoritas delicadas de lábios pintados (02), homens de cara fechada e jaleco surrado, jovens de barba malfeita e ideias rebeldes. Um senhor gorducho rabiscava com habilidade números estranhos e dizia que Pitágoras, ah! este sim, foi um grande homem. Olhos seguros falavam de Camões e Machado, diziam que o sujeito podia estar oculto e até não existir. Explicavam-me o nome dos rios e dos mares, a língua do Novo Mundo e a história do Velho. Diziam-me que o quadrado era um losango, o sol uma estrela, e que o coração batia sem saber.

(10) Sei que já muito aprendi. Sei que a vida não é fácil, mas, agora, também não parece difícil (11).

Agradeço ao mestre que me despertou a dúvida, mostrou-me o caminho e chorou quando errei. Pode até ser que, hoje, esteja lendo seus livros, esquecido do mundo, sem mais lecionar. Mas ele sabe, orgulhoso, que um dia já teve o sorriso sincero do aluno que aprendeu a lição. E (12) eu gostaria de, como criança levada que recebeu um presente, dizer (13):

— Muito obrigado, meu professor.

(Aluno Furia.)

Homenagem a todos aqueles que estiveram ou estão nesta Escola, usando o jaleco do mestre e dando ao menino um sonho a buscar.

Com dedicação e amor, humildade e respeito, riscam no quadro o futuro do aluno, esperando ansiosos por mais uma aula.

(In: Senta a Pua! Turma Ponto 50, Barbacena, Dez. 2000.)

Considere o fragmento abaixo.

"Agradeço ao mestre que me despertou a dúvida, mostrou-me o caminho e chorou quando errei. Pode até ser que, hoje, esteja lendo seus livros, esquecido do mundo, sem mais lecionar. Mas ele sabe, orgulhoso, que um dia já teve o sorriso sincero do aluno que aprendeu a lição. E eu gostaria de, como criança levada que recebeu um presente, dizer:

- Muito obrigado, meu professor."

Analise as afirmativas a seguir.

I) A situação proposta ocorre no presente e retrocede ao passado quando se refere à figura do mestre: "...me despertou...", "...mostrou-me...".

II) Em "Muito obrigado", o adjetivo concorda com o gênero do locutor.

III) No trecho que vai de "Mas ele sabe, ...dizer:" prevalece a intransitividade verbal.

IV) Infere-se que o mestre é atuante, ele educa e ensina verdadeiramente.

V) As palavras "despertou", "caminho" e "errei" referem-se à decisão de seguir a carreira militar.

Estão corretas apenas