Texto II
Língua Portuguesa
Última flor do Lácio, inculta e bela,
És, a um tempo, esplendor e sepultura:
Ouro nativo, que na ganga impura
A bruta mina entre os cascalhos vela...
Amo-te assim, desconhecida e obscura,
Tuba de alto clangor, lira singela,
Que tens o trom e o silvo da procela
E o arrolo da saudade e da ternura!
Amo o teu viço agreste e o teu aroma
De virgens selvas e de oceano largo!
Amo-te, ó rude e doloroso idioma,
Em que da voz materna ouvi: “meu filho!”
E em que Camões chorou, no exílio amargo,
O gênio sem ventura e o amor sem brilho!
(Olavo Bilac. Poesia. Rio de Janeiro, Agir, 1976.p,86.)
1. Resíduo inaproveitável de um minério
2. Instrumento musical de sopro, semelhante à trombeta
3. Som forte, como o da trombeta
4. Instrumento musical de cordas
5. Som de trovão ou de canhão
6. Tempestade marítima
7. Canto para adormecer criança
Texto III
Língua
Gosto de sentir a minha língua roçar
A língua de Luís de Camões.
Gosto de ser e de estar
E quero me dedicar
A criar confusões de prosódia
E uma profusão de paródias
Que encurtem dores
E furtem cores como camaleões.
Gosto do Pessoa na pessoa
Da rosa no Rosa.
E sei que a poesia está para a prosa
Assim como o amor está para a amizade.
E quem há de negar que esta lhe é superior?
E deixa os portugais morrerem à míngua,
“Minha pátria é minha língua”
- Fala, Mangueira!
Flor do Lácio Sambódromo
Lusamérica latim em pó
O que quer
O que pode
Esta língua?
(Caetano Veloso, Velô, 1984.)
Texto IV
“O GRANDE ESTADISTA DO BRASIL - JOÃO MARIA JOSÉ FRANCISCO XAVIER DE PAULA LUÍS ANTÔNIO DOMINGOS RAFAEL DE BRAGANÇA ”
Compositor(es): Joel Simpatia / Aroldo Pereira / Paulinho do Táxi / Pierrot
Um corre-corre um alvoroço em Lisboa
Anunciada a temida invasão
Dona Maria conhecida como a louca
Vem pro Brasil com o regente D. João
Deixou a ver navios Napoleão
Que queria o domínio de toda Europa por ambição
Abrindo os Portos nosso grande estadista
Chega no Rio faz Brasil crescer nação
Cria banco pra guardar nossas riquezas
Com o Império, a cultura a impressão
Um santuário ele fez pra aclimatar
Especiarias de além mar academia militar
Circula o primeiro jornal brasileiro
É a Gazeta do Rio de Janeiro
Oh ! meu Brasil de encantos mil
Foi retratado por Debret
Com a missão iniciou-se a história (Bis)
De belas artes que hoje o mundo vê
Comércio a crescer, nobres a comprar
Negras de fazer senhor de engenho se apaixonar
O teatro e a capela musical
O Reino unido esperança geral
E como herança o café imperial
Quando foi obrigado governar sua terra natal
O nosso Rei chegou a ver no fim seu ideal
Fez no Brasil o que não fez em Portugal
Meu coração hoje é a sua Passarela
Minha Flor da Mina vem sacudir (Bis)
Com D. João na Sapucaí
(http://www.tamborins.com.br/agrem/exibe-escano.php?prm1=florma&prm2=2007/acesso em 15/05/2008 às 14 h)
Texto V
A maneira mais divertida de observar a sofisticação dos hábitos da sociedade carioca é ler os anúncios publicados na Gazeta do Rio de Janeiro a partir de 1808. (01)No começo, oferecem serviços e produtos simples(02), reflexo de uma sociedade colonial ainda fechada para o mundo, que importava pouca coisa e (14)produzia quase tudo que Consumia(15). Esses(09) primeiros anúncios tratam de aluguel de cavalos e carroças, venda de terrenos e casas e alguns (07)serviços básicos(08) como aulas de Catecismo, Língua Portuguesa, História e Geografia.
(...)
(12) De 1810 em diante, o tom e o conteúdo dos anúncios mudam de (10)forma radical(11)(13). Em vez de (03)casas, cavalos e escravos(04), passam a oferecer pianos, livros, tecidos de linho, lenços de seda, champanhe, água de colônia, leques, luvas, vasos de porcelana, quadros, relógios e uma infinidade de outras mercadorias importadas. Na edição de 2 de março de 1816 da (05)Gazeta, o francês Girard se anuncia como “cabeleireiro de Sua Alteza(06) Real a Senhora D Carlota, Princesa do Brasil, de Sua Alteza Real a Princesa de Galles e de sua Alteza Real a Duquesa de Algouleme.”
(Laurentino Gomes, 1808 - Editora Planeta, 2007)
Leia as assertivas abaixo.
I. O Texto II é uma declaração de amor à Língua Portuguesa, o que fica evidenciado pelo emprego do verbo amar, pelas referências à voz materna e ao poeta Camões.
II. O Texto III revela o gosto do eu-lírico pela unicidade da língua, o que se observa nas citações contidas nos versos 15 e 16.
III. O Texto IV apresenta, entre os benefícios resultantes da vinda de D. João para o Brasil, a abertura de portos, a criação de bancos, a cultura e a construção de engenhos.
IV. O Texto V apresenta o anúncio do cabeleireiro Girard cuja sofisticação dos seus serviços é assegurada pela citação de nomes da realeza.
Estão corretas apenas