Texto VII

Romance LIII ou das Palavras Aéreas

Ai, palavras, ai, palavras,

que estranha potência, a vossa!

Ai, palavras, ai, palavras,

sois de vento, ide no vento,

no vento que não retorna,

e, em tão rápida existência,

tudo se forma e transforma!

Sois de vento, ide no vento,

e quedais, com sorte nova!

Ai, palavras, ai, palavras,

que estranha potência, a vossa!

Todo o sentido da vida,

principia à vossa porta;

O mel do amor cristaliza

seu perfume em vossa rosa;

sois o sonho e sois a audácia,

calúnia, fúria, derrota...

A liberdade das almas,

ai! com letras se elabora...

E dos venenos humanos

sois a mais fina retorta:

frágil, frágil como o vidro

e mais que o aço poderosa!

Reis, impérios, povos, tempos,

pelo vosso impulso rodam...

(Cecília Meireles)

Assinale a alternativa INCORRETA de acordo com a norma padrão escrita (Texto VII).