Texto IV

ANTES DO NOME

Não me importa a palavra, esta corriqueira.

Quero é o esplêndido caos de onde emerge a sintaxe,

Os sítios escuros onde nasce o “de”, o “aliás”,

O “o”, o “porém” e o “que”, esta(01) incompreensível

muleta que me apoia.

Quem entender a linguagem entende Deus

cujo Filho é o Verbo. Morre quem entender.

A palavra é disfarce de uma coisa mais grave,

surda-muda,

foi inventada para ser calada.

Em momentos de graça, infrequentíssimos,

se poderá apanhá-la: um peixe vivo com a mão.

Puro susto e terror.

(Adélia Prado)

Texto V

Palavras

Palavras não são más

Palavras não são quentes

Palavras são iguais

Sendo diferentes

Palavras não são frias

Palavras não são boas

Os números para os dias

E os nomes para as pessoas

Palavras eu preciso

Preciso com urgência

Palavras que se usem

em caso de emergência

Dizer o que se sente

Cumprir uma sentença

Palavras que se diz

Se diz e não se pensa

(Titãs)

Em relação aos Textos IV e V pode-se afirmar que