Todo camburão tem um pouco de navio negreiro
é mole de ver
que para o negro
mesmo a AIDS possui hierarquia
na África a doença corre solta
e a imprensa mundial
dispensa poucas linhas
comparado, comparado
ao que faz com qualquer
figurinha do cinema
ou das colunas sociais
todo camburão tem um pouco de navio negreiro
todo camburão tem um pouco de navio negreiro
(O Rappa/Marcelo Yuka)
Leia o fragmento abaixo escrito por Zuenir Ventura, retirado do jornal O Globo.
As palavras têm vida, evoluem, se transformam e às vezes alteram seu significado, como denegrir e judiar; há termos que começam carregando uma pesada carga negativa e, com o tempo, vão perdendo-a e adquirindo uma conotação inversa. Quando o negro Dorival Caymmi canta Quem vai ao Bonfim, minha nega, ele está querendo dizer meu amor. O politicamente correto não considera essas nuances e sobretudo não tem espírito crítico nem humor: os eufemismos e circunlóquios que propõe são ridículos.
(Circunlóquio = rodeio de palavras.)
Baseando-se nesse fragmento, marque (V) para verdadeiro ou (F) para falso nas sentenças abaixo; a seguir, assinale a opção correta.
() Um exemplo de circunlóquio é a substituição de “Quem vai ao Bonfim, minha nega” por “Quem vai ao Bonfim, meu amor”.
() Eufemismos são termos que possuem uma pesada carga negativa e, com o tempo, vão perdendo-a e adquirindo uma conotação inversa.
() Denegrir é um vocábulo originário de negro, e judiar vem de judeu. Ambas as raças são vistas com preconceito por uma parcela da sociedade. Segundo o texto, esses termos mantêm, ainda hoje, uma conotação pejorativa.