Carrie Butler saiu do armário no mês passado. Carrie, (01) uma empregada doméstica negra, (02) tinha 16 anos quando, nos idos de 1925, teve uma filha com o filho do patrão, então com 22. O tal filho do patrão viria a se tornar (04) um homem importante. Foi governador de seu Estado, a Carolina do Sul, e depois, por não menos de 48 anos, senador. Strom Thurmond, este o seu nome, foi o parlamentar que por mais longo período ocupou uma cadeira na história do Congresso americano. Também foi longevo na vida. Morreu aos 100 anos, em junho do ano passado. Em dezembro, (03) a filha que ele teve com Carrie Butler, Essie Mae Washington-Williams, já com 78 anos, veio a público para declarar-se filha de Thurmond. O senador nunca a renegou. Recebia-a, em segredo, e patrocinou-lhe os estudos. Essie Mae, como filha boazinha, não quis prejudicar a carreira política do pai. Manteve-se (06) quieta enquanto (05) ele viveu. O caso da filha de Strom Thurmond com uma negra ganha dramaticidade quando se acrescenta que ele foi um dos principais líderes segregacionistas dos Estados Unidos. Em 1948 rompeu com o Partido Democrata, por discordar da plataforma de defesa dos direitos civis dos negros que então se esboçava, e lançou-se candidato independente à Presidência. Sua causa era a discriminação. Disse, uma vez: “Nem todas as baionetas do Exército podem forçar os negros a entrar nas nossas casas”. Que declaração extraordinária! Os negros, ou, no caso, a negra, já estava, ou estivera, em sua casa. E ele, não contente em partilhar com ela o teto, partilhara os lençóis.
(Roberto Pompeu de Toledo. Veja 14/01/2004.)
Assinale a alternativa correta de acordo com a norma culta escrita.