TEXTO II

Quem se força a ser aquilo que não é corre o risco perigoso de virar um superchato

TIMIDEZ EM VERSOS

Os tímidos, em geral, superestimam as qualidades dos extrovertidos. Os versos irônicos do conhecido Poema em Linha Reta, escrito por Fernando Pessoa, retratam muito bem essa auto-imagem distorcida, calcada no sentimento de inferioridade e na auto-estima baixa

“Nunca conheci quem tivesse levado porrada.

Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.

E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,

(...)Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,

Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,

Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,

Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,

Que tenho sofrido enxovalhos e calado,

Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;

Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel,

Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes ,

Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,

Eu que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado

Para fora da possibilidade do soco;

Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,

Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo. (...)”

Nos seguintes versos do Texto II, isolados do contexto,

“Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar (...)"

O eu-lírico aponta o(a) seu(sua)