O rastro divino

Documentário vê Sebastião Salgado como testemunha inigualável da história

por Rosane Pavam – publicado em 27/03/2015 05:11

Fotógrafo ou deus? Uma etnia latino-americana por ele

fotografada o entendeu como divindade, conta o próprio

Sebastião Salgado em O Sal da Terra, documentário que

estreou dia 26 codirigido por seu filho, Juliano Ribeiro

Salgado, e Wim Wenders. E assim o filme parece vê-lo,

uma vez que jamais mostra o contexto fotográfico em

que suas imagens foram realizadas. Não houve

fotógrafos antes ou depois desse Salgado, nem

influências nem agências como a Magnum a orientá-lo...

No filme, ele é o ser único a testemunhar a história

recente e a interpretá-la com a entonação do ator.

Nenhuma palavra sobre a ética a circundar seus retratos

da tragédia humana, sempre tão próximos. Do homem

que viu dessa altura soberana tanto Serra Pelada quanto

os sem-terra ou o genocídio em Ruanda, o filme passa a

construir o perfil de quem, ao refazer a Mata Atlântica

em sua propriedade, dá lições sobre a reconstrução da

vida global. A esse Salgado, é permitido não somente

registrar o cotidiano de uma tribo indígena brasileira

quanto, ao burlar a vigilância dos preservacionistas,

presenteá-la com um canivete. O filme constitui, assim, a

narrativa extensa de suas aventuras que invariavelmente

culminarão em morte, real ou insinuada nas feições dos

seres e animais em suas fotografias.

Disponível em http://www.cartacapital.com.br/revista/842/o-rastro-divino-621.html, acesso em 28/03/2015.

Sobre o trecho abaixo, assinale a alternativa correta.

“A esse Salgado, é permitido não somente registrar o cotidiano de uma tribo indígena brasileira quanto, ao burlar a vigilância dos preservacionistas, presenteá-la com um canivete.”