No artigo “Velha praga”, publicado em 1914, Monteiro Lobato apresenta uma imagem negativa do caipira, que é reforçada no artigo “Urupês”, que dá nome ao livro:

“Este funesto parasita da terra é o CABOCLO, espécie de homem baldio, inadaptável à civilização, mas que vive à beira dela na penumbra das zonas fronteiriças. À medida que o progresso vem chegando com a via férrea, o italiano, o arado, a valorização da propriedade, vai ele refugindo em silêncio, com o seu cachorro, o seu pilão, a pica-pau e o isqueiro, de modo a sempre conservar-se fronteiriço, mudo e sorna. Encoscorado numa rotina de pedra, recua para não adaptar-se. [...]

Acampam.

Em três dias uma choça, que por eufemismo chamam de casa, brota da terra como um urupê. Tiram tudo do lugar, os esteios, os caibros, as ripas, os barrotes, o cipó que os liga, o barro das paredes e a palha do teto. Tão íntima é a comunhão dessas palhoças com a terra local, que dariam ideia de coisa nascida do chão por obra espontânea da natureza - se a natureza fosse capaz de criar coisas tão feias.

Barreada a casa, pendurado o santo, está lavrada a sentença de morte daquela paragem.”

(LOBATO, Monteiro. Urupês. Obras Completas de Monteiro Lobato. Vol. 1. São Paulo: Brasiliense, 1948.)

A respeito da relação entre os contos e os artigos que compõem o livro, é correto afirmar: